Fernanda Torres se diz 'cética sobre o futuro'

A atriz, que está no elenco da série Filhos da Pátria, há motivo de desesperança tanto na telinha quando na vida real

© Bob Wolfenson/Divulgação

Cultura FERNANDA-TORRES 25/09/19 POR Folhapress

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O tempo passa, as coisas mudam, mas em alguns pontos continuam sempre iguais. Isso é o que mostra a série "Filhos da Pátria" (Globo), que volta para sua segunda temporada em outubro. Para a atriz Fernanda Torres, 53, que está no elenco, há motivo de desesperança tanto na telinha quando na vida real.

PUB

"Quem era escravo vira empregado doméstico, quem era corrupto continua corrupto, quem era o dono do dinheiro continua sendo. O esqueleto da sociedade continua sempre igual", diz Fernanda sobre a série de Bruno Mazzeo, antes ambientada em 1922, no pós-independência do Brasil, e agora, nos anos 1930, no início da Era Vargas.

A atriz interpretará Maria Teresa nesta nova temporada. Uma mulher que fica encantada com os militares e quer que seu marido, Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero), se torne um. "Ela fica sonhando com essa coisa do Geraldo ser militar e entra para uma liga de donas de casa perfeitas, que são as mulheres dos militares."

A atriz revela que sua personagem também terá dificuldades, nesta nova temporada, para entender as mudanças em relação aos direitos trabalhistas, que começavam a surgir, e diz que Maria Teresa não consegue entender como a empregada tem que ter folga, horário. "Ela acha um absurdo isso".

"Como tudo no Brasil, essas relações se dão pelo afeto e ela fica magoada pela [ex-escrava] Lucélia (Jéssica Ellen) ter uma folga (...) Ela é uma loucura, diz coisas racistas, mas você acaba tendo algum carinho, um sentimento afetuoso, porque não é possível uma pessoa ser tão imbecil assim (risos)". 

Para Fernanda, o personagem de Alexandre Nero também tem aquilo que ela considera uma mistura bem brasileira: "Não é totalmente corrupto, mas também não deixa de ser. É um pai bem intencionado, mas também é um canalha".

Fazendo um paralelo entre a série e a situação atual do Brasil, a atriz se diz cética em relação ao futuro do país e afirma que vivemos um misto de mínimas conquistas e de retrocessos. "A gente está vivendo um momento meio apocalíptico no mundo, sem muito futuro", desabafa. 

"Eu nasci na ditadura, vivi a redemocratização, esse sonho de que a sociedade seria diferente e em muitos sentidos foi. Vivo numa sociedade mais aberta do que na época em que eu era criança. A crise econômica do Sarney, o fechamento do Brasil para o mundo... Isso tudo melhorou. Por outro lado, a democracia também nos provou que não há santos, que o problema do Brasil é estrutural."

Fernanda ressalta que o jogo político-econômico do poder está organizado na raiz da formação do Brasil e cita a desigualdade social como um dos problemas que nunca foram resolvidos. "A gente não tem saneamento básico em mais da metade do Brasil... Vivi 50 anos para olhar e falar: 'Caramba, é o mesmo assunto da minha infância'." 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Distrito Federal 13/01/25

Homem morre após tentar estuprar vaca em fazenda no Distrito Federal

mundo EUA 13/01/25

Incêndios devastam Los Angeles, e mansão intacta em Malibu chama atenção

justica Rio de Janeiro 13/01/25

Polícia investiga morte de jovem achado dentro de geladeira em Niterói

mundo Los Angeles 13/01/25

Sobe para 24 número de mortos em incêndios de Los Angeles

esporte VINÍCIUS-JÚNIOR 13/01/25

Vinícius Júnior negocia compra de time português por 10 milhões de euros

lifestyle Arroz 13/01/25

Cuidado ao reaquecer arroz; pode não ser seguro para sua saúde

lifestyle Ataque cardíaco 13/01/25

Ataque cardíaco: 11 sintomas que você nunca deve ignorar

justica Geovana 13/01/25

Menina desaparece após pegar ônibus para ir visitar a avó em Campo Grande

fama Spencer Treat Clark 13/01/25

Ator de 'Gladiador' perde casa em incêndios de Los Angeles

mundo Ucrânia/Rússia 13/01/25

Zelensky propõe trocar soldados norte-coreanos por ucranianos em Moscou