Justiça liberta 'Gatinha da Cracolândia' condenada por tráfico

De acordo com a denúncia, o entorpecente estava embalado de forma unitária e pronto para venda. Na ocasião, os investigadores apontaram que ela era conhecida na região como Gatinha da Cracolândia.

© Reprodução / Instagram

Justiça JUSTIÇA-SP 17/12/22 POR Folhapress

FRANSCICO LIMA NETOSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A influenciadora digital Lorraine Cutier Bauer Romeiro, 19, deixou a prisão após conseguir um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ela foi condenada a cinco anos de prisão por tráfico de drogas na cracolândia, no centro de São Paulo.

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Na última terça-feira (13), a Sexta Turma do STJ atendeu pedido da defesa e estendeu a ela os efeitos de habeas corpus conseguido por outro réu. A prisão deve ser substituída, segundo a decisão, por medidas cautelares a serem fixadas pelo Juízo de Direito da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital.

A advogada que a representa foi procurada, mas as ligações não foram atendidas.Lorraine foi presa em 30 de junho do ano passado na rua Helvetia, em Santa Cecília, com dez embalagens unitárias de cocaína, seis de maconha e dez pedras de crack escondidas em suas roupas íntimas, segundo consta no processo.

De acordo com a denúncia, o entorpecente estava embalado de forma unitária e pronto para venda. Na ocasião, os investigadores apontaram que ela era conhecida na região como Gatinha da Cracolândia.

Ainda segundo o processo, ao ser interrogada em juízo, a influenciadora negou a acusação de tráfico de drogas. Conforme os autos, ela afirmou que apenas acompanhava o namorado que trabalha na região da cracolândia, quando saiu correndo durante uma operação policial, pois nunca havia passado por uma situação como aquela.

Policiais militares que fizeram a prisão disseram que avistaram a influenciadora, que já era conhecida por fotos feitas pela Guarda Civil Metropolitana, no meio do fluxo de usuários de drogas. Segundo a PM, Lorraine permaneceu em silêncio na ocasião e tinha drogas escondidas no sutiã e na calcinha.

A policial militar que fez a prisão afirmou à Justiça que dava auxílio à GCM para limpeza da região, com a migração do grupo de pessoas de um local para o outro, "quando notou a ré andando no fluxo livremente, demonstrando certa hierarquia" e que "eles abriam caminho para ela".O magistrado afirmou na sentença que a influenciadora não apresentou nenhuma testemunha que pudesse confirmar sua versão dos fatos, nem mesmo o ex-namorado. "Seu relato encontra-se isolado no contexto probatório com o qual, aliás, colide frontalmente."

A advogada Patricia Aparecida Teixeira de Araújo Carvalho afirmou, à época, que ia recorrer da condenação e buscar redutores de pena. Segundo ela, o juiz, entre outras coisas, não levou em consideração a quantidade mínima de drogas citadas na ação.

Também vai recorrer da multa de R$ 50 mil aplicada pelo juiz. "Ela não trabalha e não se pode alegar que é de família de empresários, porque a pena é dela", disse a advogada.

SEGUNDA PRISÃOMenos de um mês depois da operação na cracolândia, Lorraine foi presa novamente, em 22 de junho de 2021, em Barueri, na Grande São Paulo.

Os investigadores encontraram a jovem na casa de seu companheiro, no Jardim Timbauhy -o homem já havia sido preso por tráfico anteriormente. Segundo a Polícia Civil, mais de 400 porções de crack, cocaína, maconha e ecstasy, além de quase cem frascos de lança-perfume, foram apreendidas no imóvel.

Lorraine também foi detida. Ainda de acordo com a versão policial, a jovem indicou que drogas eram armazenadas em prédio invadido na rua Helvetia, no centro de São Paulo. Lá, os agentes afirmam ter apreendido uma mochila com 85 porções de maconha, 295 de cocaína e 8 de crack.

Também foram localizados 97 frascos de lança-perfume, 16 comprimidos de ecstasy, R$ 750 em dinheiro, uma balança de precisão, uma faca, um machado e um celular. "Ela foi absolvida neste caso", diz a advogada.

Policiais ouvidos pela reportagem na época apontaram que ela seria arrendatária de uma barraca de drogas, na qual pagava por semana à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) entre R$ 3.000 e R$ 5.000, ainda segundo a investigação. Por mês, ela poderia ter faturado até R$ 500 mil com a venda de drogas, de acordo com estimativas da polícia.

Lorraine sempre negou ser responsável por tráfico de drogas. Ela chegou a ter mais de 36 mil seguidores em seu perfil no Instagram.

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