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Mercado de trabalho só alcançará igualdade racial em 167 anos, diz estudo

Serão necessários 167 anos para que o país alcance um equilíbrio entre as oportunidades oferecidas a pessoas negras e brancas nas empresas, em 2190

Serão necessários 167 anos para que o país alcance um equilíbrio entre as oportunidades oferecidas a pessoas negras e brancas nas empresas, em 2190

© Reprodução

Economia Mercado 07/10/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma criança nascida em 2023 no Brasil não será capaz de vivenciar um mercado de trabalho com igualdade racial durante sua vida, aponta estudo apresentado pelo ID_BR (Instituto Identidades do Brasil).

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De acordo com o levantamento, serão necessários 167 anos para que o país alcance um equilíbrio entre as oportunidades oferecidas a pessoas negras e brancas nas empresas, em 2190. Isso significa que apenas a terceira geração dessas crianças estará em pé de igualdade racial.

São 17 anos a mais do que estimava um estudo divulgado em 2017 pelo Instituto Ethos, que apontava que a igualdade entre negros e brancos nas empresas seria alcançada em 150 anos. O número, em vez de reduzir, aumentou.

A pesquisa mostra uma realidade que nasce no processo de escravização no Brasil, e que se perpetua até hoje", disse Tom Mendes, diretor financeiro do ID_BR à Folha de S.Paulo. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira (5), durante evento realizado no Memorial da América Latina com a presença de CEOs de grandes empresas do Brasil.

De acordo com Mendes, os números avaliam a redução das desigualdades em um contexto que mantenha as ações de inclusão e equidade já desenvolvidas nos setores público e privado. "Se a gente piorar a situação, acabando com as políticas [afirmativas] nas corporações ou tendo um governo não progressista, esse número tende a aumentar, e muito", disse.

O estudo foi desenvolvido com base em dados do Censo Demográfico, da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), e combina técnicas quantitativas e qualitativas.

Para o representante do instituto, o primeiro passo para que o processo seja acelerado envolve a educação, com o cumprimento de leis como a 10.639, de 2003 e a 11.645, de 2008, sobre o ensino da cultura afro-brasileira e africana no Brasil, e a conscientização racial.

"Também estamos falando de censos [para entendimento da composição das empresas e direcionamento de novas contratações], de diversidade nos programas de treinamento e estágio, e da presença de pessoas negras, indígenas, trans e faveladas em conselhos de grandes corporações", disse.

Luana Génot, presidente e diretora executiva do ID_BR e conselheira de desenvolvimento econômico e social da Presidência da República, defende que esse chamado deve ser feito a todas as empresas.

"Todas as empresas têm um déficit [de inclusão], não só aquelas que são expostas na mídia. A nossa cobrança, especialmente para as que são expostas, é que elas se posicionem [contra o racismo] e respondam o que estão fazendo para trazer as pessoas [negras e indígenas] da base para o topo", afirmou.

O Fórum Sim à Igualdade Racial 2023, também realizado pelo ID_BR na quinta-feira, teve o Carrefour como um dos patrocinadores. A empresa tem investido em ações e campanhas antirracistas desde que um de seus seguranças espancou até a morte João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, em uma unidade de Porto Alegre, em 2020.

"Temos, sim, que promover eventos como esse, que as pessoas conseguem acessar gratuitamente porque essas empresas estão pagando. É uma relação monetária. E estamos também acompanhando as estratégias dessas companhias ao longo dos anos, para fazer com que essa seja uma jornada [de inclusão], e não só uma ação pontual", defendeu.

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