Polícia e ativistas travam duelo silencioso no túmulo de Alexei Navalni

Logo depois da morte do opositor, mais de 400 pessoas foram presas por fazer a mesma homenagem

© Getty Images

Mundo Rússia 13/03/24 POR Folhapress

MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Um pequeno mas constante grupo de ativistas e a polícia russa travam um silencioso duelo em volta do túmulo de Alexei Navalni, morto no dia 16 de fevereiro em circunstâncias não explicadas na cadeia em que cumpria mais de 30 anos de pena, no Ártico.

PUB

Ao contrário da agitação dos primeiros dias após Navalni, 47, cair morto supostamente durante uma caminhada, o clima é de consternação e vigilância em Borisovskoie, um pequeno cemitério num canto escondido do sul de Moscou.Nos 60 minutos em que a reportagem permaneceu no local, na tarde desta quarta-feira (13), 26 pessoas passaram pelo local, a maioria deixando solitárias flores em torno da lápide do mais famoso opositor de Vladimir Putin, que irá ser reconduzido à Presidência pela quinta vez no pleito que começa em dois dias.

Uma foto de Navalni é cercada de bilhetes e muitas flores, junto à entrada do cemitério, com uma bem evidente câmera de vigilância logo acima do local. Dois policiais com jaquetas camufladas caminham aleatoriamente entre os ativistas, fumando cigarros e falando ao celular.

Logo depois da morte do opositor, mais de 400 pessoas foram presas por fazer a mesma homenagem: depositar flores, inicialmente em monumentos às vítimas da repressão soviética em várias cidades, depois em Borisovskoie. Agora, o silêncio impera.

Irina, única que aceitou conversar rapidamente com a Folha de S.Paulo, disse que Navalni morreu em vão, mas nem por isso deixaria de homenageá-lo. E o medo de ser presa? "Isso pode acontecer em qualquer lugar", afirmou ela, que vai abster-se de votar na eleição que se desenrolará em inéditos três dias, de sexta (15) a domingo (17).

Uma amiga dela ficou o tempo todo sentada em um banco chorando, com o rosto junto às pernas. Outros, jovens em sua maioria, faziam curtas orações. Alguns tiravam fotos ou faziam filmagens, atraindo o olhar escrutinador dos policiais, mas sem incidentes.

Esse espraiamento da tensão acompanha a apatia que marca este fim de campanha presidencial, em que Putin enfrentará três candidatos pro forma. Aliados de Navalni farão um teste de estresse no domingo, tendo convocado apoiadores do opositor a comparecer para votar ao meio-dia, gerando filas nas seções eleitorais.

Um desses aliados, Leonid Volkov, recupera-se de um ataque a marteladas sofrido na terça (12) em Vilnius, a capital lituana em que está exilado. Nesta quarta, o governo local culpou a Rússia pelo ataque.

"Eu só posso dizer uma coisa a Putin: ninguém está com medo de você aqui", afirmou o presidente Gitanas Nauseda. Para ele, a ação foi duplamente direcionada, à memória de Navalni e a seu país, integrante da Otan (aliança militar ocidental) particularmente incômoda a Moscou, por ter sido integrante da União Soviética até 1991.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Distrito Federal 13/01/25

Homem morre após tentar estuprar vaca em fazenda no Distrito Federal

mundo EUA 13/01/25

Incêndios devastam Los Angeles, e mansão intacta em Malibu chama atenção

justica Rio de Janeiro 13/01/25

Polícia investiga morte de jovem achado dentro de geladeira em Niterói

mundo Los Angeles 13/01/25

Sobe para 24 número de mortos em incêndios de Los Angeles

esporte VINÍCIUS-JÚNIOR 13/01/25

Vinícius Júnior negocia compra de time português por 10 milhões de euros

lifestyle Arroz 13/01/25

Cuidado ao reaquecer arroz; pode não ser seguro para sua saúde

lifestyle Ataque cardíaco 13/01/25

Ataque cardíaco: 11 sintomas que você nunca deve ignorar

justica Geovana 13/01/25

Menina desaparece após pegar ônibus para ir visitar a avó em Campo Grande

fama Spencer Treat Clark 13/01/25

Ator de 'Gladiador' perde casa em incêndios de Los Angeles

mundo Ucrânia/Rússia 13/01/25

Zelensky propõe trocar soldados norte-coreanos por ucranianos em Moscou