Buscas sobre como excluir Facebook e Instagram sobem após mudanças na Meta

Buscas sobre a forma de cancelar essas plataformas registraram aumento nos Estados Unidos

© Jens Büttner/picture alliance via Getty Images

Tech Em queda 09/01/25 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Pesquisas sobre como cancelar e excluir contas no Facebook, Instagram e Threads, plataformas controladas pela Meta, dispararam após o CEO da bigtech, Mark Zuckerberg, anunciar mudanças significativas em suas redes sociais, como o fim do sistema de verificação de fatos por agências de checagens para adotar notas de comunidade similar ao X.

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Buscas sobre a forma de cancelar essas plataformas registraram aumento nos Estados Unidos após o anúncio de Zuckerberg -as novas regras serão aplicadas primeiro no país norte-americano. Pesquisas por termos "como excluir permanentemente o Facebook" atingiram a pontuação máxima de interesse do Google Trends, ferramenta que filtra as buscas e os interesses dos usuários no Google. As informações são do TechCrunch.

Usuários também pesquisaram formas de deletar informações pessoais das redes controladas pela Meta. Termos "como excluir todas as fotos do Facebook", "como sair do Facebook", "como excluir conta de Threads" e "como excluir conta do Instagram sem fazer login" cresceram 5.000% em comparação com períodos anteriores.

Além do aumento nas buscas sobre como deletar as redes da Meta, os norte-americanos também pesquisaram alternativas ao Facebook, Instagram e Threads. Nesse sentido, ainda segundo o Google Trends, se destacaram o Bluesky e Mastodon -ambas as plataformas passaram a ganhar relevância após Musk comprar o X e implementar mudanças na rede social. Durante o período em que a rede de Elon Musk ficou inoperante no Brasil, em 2024, os brasileiros adotaram o Bluesky como alternativa.

Interesse do público em excluir perfis no Facebook e no Instagram coincidem com o afrouxamento de regras pela Meta. Com as mudanças anunciadas pela companhia de Zuckerberg, especialistas apontam maior espaço para a disseminação de fake news, do discurso de ódio e conteúdo político inflamatório.

Meta implementou sistema de verificação de fatos e moderação de conteúdo em suas redes para mitigar o impacto das fake news e discursos extremistas no ambiente virtual. Agora, no entanto, a bigtech justifica a mudança em sua política a uma "tentativa de restaurar a liberdade de expressão na Meta".

ENTENDA O CASO

A Meta anunciou nesta semana que vai remover agências de checagem profissionais e usar um sistema de notas da comunidade, como no X. Segundo Mark Zuckerberg, a medida vai ser adotada primeiro nos Estados Unidos e posteriormente em outros países.

Em vídeo publicado nesta semana, Zuckerberg citou "Cortes secretas da América Latina" para falar que o STF (Supremo Tribunal Federal) censura redes -sem apresentar provas. Ele também disse estar alinhado com o futuro presidente norte-americano Donald Trump e o empresário detentor da rede social X, Elon Musk, contra as imposições feitas pela União Europeia.

O presidente Lula (PT) chamou de "extremamente grave" as mudanças anunciadas pela Meta. "Acho extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma regulação de mercado do que um cara que comete crime na imprensa escrita", disse o petista nesta quinta-feira (9).

Atualmente, no Brasil, não há regulamentação específica para as redes, sujeitas ao Marco Civil da Internet. Um projeto está sendo debatido no Congresso, mas não tem avançado.

Lula disse ainda que vai fazer uma reunião para tratar do assunto, mas não deu detalhes. Sem celular e sem usar redes sociais, o petista é um crítico analógico das novas tecnologias, incluindo a inteligência artificial.

O secretário de Políticas Digitais, João Brant, já havia criticado a decisão. "Significa um convite para o ativismo da extrema direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política", disse Brant, em postagem no LinkedIn. "Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos."

"Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos", afirmou Brant. Segundo ele, isso vai acontecer porque a medida "afetar as operações delas dentro e fora das plataformas".

MPF dá 30 dias para explicações. O Ministério Público Federal em São Paulo pediu para a cúpula da Meta no Brasil explicar se as mudanças na política de moderação de conteúdo vão ser também aplicadas no país.

ACENO A TRUMP

Mudanças anunciadas por Zuckerberg sinalizam alinhamento com a política do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. O executivo alegou que agências de checagem de fatos nos EUA são enviesadas e que mudanças ajudariam a "restaurar a liberdade de expressão nas plataformas", um discurso que ressoa ao conservadorismo e políticos de extrema direita. Também disse que atuaria com o novo presidente norte-americano, que toma posse no dia 20.

Como funciona o sistema? Ao verificar algum post com conteúdo duvidoso, as pessoas podem acrescentar notas com links e imagens de referência. Outros usuários podem votar para conferir "credibilidade" ao que foi fundamentado. Nenhuma mudança se aplica ao WhatsApp.

Restrição "pesada" vai ser tomada apenas para assuntos considerados muito sensíveis. A Meta informa que seus sistemas automatizados estarão concentrados em temas de alta gravidade, como terrorismo, exploração sexual de menores, drogas, fraudes e golpes.

Para assuntos menos graves, a Meta conta com a denúncia de usuários. "Vamos confiar que as pessoas nos notifiquem, antes de tomar alguma atitude", diz a empresa em seu blog.

Como é hoje? É feita uma apuração sobre o conteúdo, e a publicação pode ser sinalizada, inclusive com links com mais informação.

Se algo for considerado falso, a publicação perde alcance. Um post nunca é apagado pela agência de checagem.

Leia Também: Meta passa a mostrar nas redes conteúdo político de contas que usuário não segue

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