Avanço de Putin paralisa única indústria de carvão da Ucrânia

O avanço das forças de Putin contra o centro logístico de Pokrovsk trazem riscos de colapso da defesa ucraniana na região

© Getty Images

Mundo Guerra 13/01/25 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de degradar boa parte da produção energética da Ucrânia, a Rússia começou a paralisar a já combalida indústria metalúrgica do país de Volodimir Zelenski.

PUB

 

O avanço das forças de Vladimir Putin contra o centro logístico de Pokrovsk, na província de Donetsk (leste), trazem mais do que o risco do colapso da defesa ucraniana em toda a região: ameaçam inviabilizar a produção de aço do país invadido há quase três anos.Nesta segunda (13), relatos inicialmente divulgados pela agência Reuters e depois confirmados pela mídia ucraniana mostraram que a usina de produção de coque em Pokrovsk, a única do país, foi fechada.

O produto é o resultado da queima em alta temperatura sem oxigênio do carvão mineral, e é usado como fonte primária do carbono para o aço e para a queima do minério de ferro nos altos-fornos.

Para piorar, a região sedia o maior complexo de minas de carvão da Ucrânia. Nesta segunda, tropas russas tomaram uma cidade que faz parte do sistema, Pischane. Segundo o site de monitoramento da invasão DeepState, já há batedores a menos de 2 km do centro de Pokrovsk, e minas da cidade estão sendo evacuadas.

Antes da chegada dos russos, a produção metalúrgica e siderúrgica respondia por 30% das exportações ucranianas, ou 10% de seu PIB. Os valores já eram bem menos expressivos do que antes do início da guerra civil no Donbass, em 2014.

A região inclui as russófonas Donetsk e Lugansk, e separatistas incentivados por Moscou começaram a lutar naquele ano após a derrubada do governo pró-Rússia de Kiev, na esteira da anexação da Crimeia por Putin.

O Donbass foi um dos corações da produção metalúrgica da antiga União Soviética. Até 2015, a capacidade ucraniana era de produzir 42 milhões de toneladas de aço por ano; em 2021, isso já tinha caído a 27 milhões de toneladas e agora, está em 18 milhões de toneladas de capacidade instalada.

Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), contudo, apenas 7,6 milhões de toneladas foram de fato exportadas. Esse número pode cair, diz o sindicato do setor para 2 milhões de toneladas se Pokrovsk cair.

As usinas do país já estavam severamente afetadas. Dos 13 altos-fornos do país, só 5 estão em operação. Em Mariupol, tomada em 2022 pelos russos, foram paralisadas 2 das 3 principais usinas do país -a Ilitch está sendo canibalizada pelos tchetchenos e a Azovstal virou uma ruína.

Desde fevereiro do ano passado, Donetsk é o principal palco da guerra, com a tomada crescente de territórios por Putin, ainda que a passos lentos e o custo estimado em 1.500 mortes diárias do lado russo. A instalação de infraestrutura na região também está avançando, como a Folha mostrou em novembro.

A corrida é por uma posição mais favorável se houver, como se espera, a pressão do novo governo de Donald Trump, que assume na semana que vem, para uma negociação de paz. O republicano expressa visões favoráveis ao Kremlin, que já se disse disposto a conversar desde que em seus termos.

Kiev faz o que pode, mantendo os ataques assimétricos com drones e mísseis de maior alcance dos EUA, uma autorização dada no fim do ano por Joe Biden que Trump já disse que deverá suspender.

Nesta segunda, uma usina química da cidade de Briansk, no sul da Rússia, foi atingida pelo que a mídia ucraniana diz terem sido mísseis táticos ATACMS americanos.

Além de buscar se mostrar viva em campo, apesar do fracasso já admitido até pelos EUA de sua renovada ofensiva na região russa da Kursk, a Ucrânia também quer explicitar a aliança entre Putin e a Coreia do Norte, ditadura comunista que é um calo no pé de Trump desde seu primeiro mandato.

No fim de semana, Kiev apresentou dois soldados que seriam norte-coreanos, capturados em ação em Kursk. Putin e o ditador Kim Jong-un assinaram em 2024 um pacto que prevê a assistência mútua em caso de agressão, e estima-se que até 12 mil homens do país asiático podem ter sido treinados para emprego em Kursk. O Kremlin nem nega, nem confirma isso.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

Mundo EUA 13/01/25

Incêndios devastam Los Angeles, e mansão intacta em Malibu chama atenção

Mundo Los Angeles 13/01/25

Sobe para 24 número de mortos em incêndios de Los Angeles

Mundo Canal da Mancha 13/01/25

Jovem de 19 anos morre esmagado em travessia do Canal da Mancha

Mundo Ucrânia/Rússia 13/01/25

Zelensky propõe trocar soldados norte-coreanos por ucranianos em Moscou

Mundo Istambul 13/01/25

Gorila de 5 meses é encontrado em caixa durante voo em Istambul

Mundo JAPÃO-TSUNAMI 13/01/25

Forte terremoto atinge Japão e país emite alerta para tsunami

Mundo BRASILEIRA-HOLANDA 13/01/25

Família pressiona polícia para reabrir caso de brasileira morta na Holanda

Mundo Los Angeles 13/01/25

Homem se emociona ao ver que cão o esperava dias após fugir de fogo em LA

Mundo Índia 13/01/25

Jovem denuncia ter sido estuprada por mais de 60 homens na Índia

Mundo STEVE-BANNON 13/01/25

Barrar Musk se tornou algo pessoal para mim, diz Bannon, ex-estrategista de Trump