Trump faz primeira ameaça a Putin pelo fim da Guerra da Ucrânia

Trump escreveu na rede Truth Social que faria "um grande FAVOR" a Putin

© Kevin Lamarque/Reuters

Mundo Tensão Há 6 Horas POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou pela primeira vez elevar o nível de sanções à Rússia e seus parceiros comerciais caso seu colega Vladimir Putin não aceite negociar o fim da Guerra da Ucrânia.

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Depois de dizer que sempre teve "um relacionamento muito bom" com o russo e alinhavar até a aliança entre seus países na Segunda Guerra Mundial, Trump escreveu na rede Truth Social que faria "um grande FAVOR" a Putin -em maiúsculas mesmo.

"PARE essa guerra ridícula. SÓ VAI FICAR PIOR. Se nós não fizermos um acordo, e rápido, eu não terei outra escolha senão colocar altos níveis de taxas, tarifas e sanções em qualquer coisa que seja vendida pela Rússia aos Estados Unidos e vários outros países participantes", escreveu.

Ele ainda fez elogios aos russos e mais que dobrou por conta própria o número de soviéticos mortos na Segunda Guerra, dizendo que foram 60 milhões -país que mais sofreu no conflito, a União Soviética perdeu estimados 27 milhões de civis e militares de 1941, quando foi atacada pela então aliada Alemanha, até 1945.

Do ponto de vista exclusivamente americano, é uma ameaça nula. O comércio com a Rússia nunca foi muito importante, e as draconianas sanções aplicadas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia em 2022 o reduziu ainda mais.

Em 2021, a corrente comercial entre os países era de US$ 35 bilhões. Em 2024, meros US$ 3,2, bilhões, com US$ 2,8 bilhões importados pelos EUA, a maior parte em combustível nuclear para usinas, um mercado em que a estatal russa Rosatom tem virtual monopólio global, e fertilizantes. Novas compras do urânio enriquecido foram suspensas no meio do ano passado.

Já os "vários outros países participantes" é algo mais sério, mas o tom de bravata e o fato de nenhum nome ser citado gera dúvidas acerca do que Trump quis dizer.

A China, por exemplo, é a maior parceira comercial tanto dos russos quanto dos americanos. No ano passado, bateu o recorde histórico nos negócios com Moscou, embora compre mais do que venda, ajudando a manter viva a indústria de petróleo e gás de Putin.

Já os EUA representam cerca de um terço do superávit recorde de exportações chinesas no ano, na casa de quase US$ 1 trilhão. Dada a interligação entre as duas economias, é incerto se Trump faria algo a mais além das já duras sanções existentes.

Putin e Xi Jinping, o líder chinês, conversaram por videoconferência após a posse de Trump, reafirmando os termos de sua parceria estratégica.

Nos estertores do governo Joe Biden, foi ampliado o número de petroleiros que transportam produto russo sob sanções, uma tentativa de impedir o comércio de hidrocarbonetos de Moscou. Muitos usam bandeiras de outros países, visando escapar de fiscalização.

Isso poderá afetar o Brasil, que virou um dos maiores consumidores do óleo diesel russo, fruto da boa relação tanto de Jair Bolsonaro (PL), que era presidente quando a guerra começou, quanto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Putin.

Politicamente, Trump declarou seu desprezo público pelo Brasil ao dizer que o país precisava mais dos EUA do que vice-versa. Disse até desconhecer a iniciativa sino-brasileira pela paz na Ucrânia. Os americanos são os segundos maiores parceiros comerciais dos brasileiros, depois de Pequim.

Outros países do Brics, o bloco integrado por Rússia, China, Brasil, Índia e outros, teoricamente também podem ser alvos. Isso dito, as atuais sanções econômicas já fazem empresas de alguns desses países não alinhados aos EUA se afastarem de negócios com os russos.

Por ora, contudo, o que importa é a tática adotada por Trump de pressionar Putin sem buscar criticá-lo demais. Todas as declarações do americano desde que foi eleito, em novembro, vão no sentido de forçar um acordo no qual as partes façam concessões, mas até aqui ele só sugeriu que Kiev deva aceita perdas territoriais.

Mais próximo e depois de sua posse, contudo, Trump tem falado um pouco mais grosso com o Kremlin. Isso é visto como uma forma de negociação, considerando o mantra de que a Rússia só entende a força nessas horas, mas eleva a desconfiança em Moscou acerca da confiabilidade do novo presidente.De todo modo, Trump já disse que quer se encontrar o mais rapidamente possível com Putin, e o Kremlin disse estar aberto ao diálogo.

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