© Andrew Harnik/Getty Images
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Havia menos controladores de voo do que o usual no aeroporto Ronald Reagan no momento da colisão entre um avião e um helicóptero militar na noite desta quarta-feira (29), de acordo com relatório preliminar interno da agência reguladora de aviação dos Estados Unidos visto pelo The New York Times.
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O quadro de funcionários na torre foi definido como "não normal para o horário do dia e volume de tráfego", segundo o documento da Administração Federal de Aviação (FAA na sigla em inglês).
O mesmo controlador que lidava com o tráfego de helicópteros nas proximidades do aeroporto também estava instruindo aviões que pousavam e decolavam do local -funções normalmente feitas por pessoas diferentes, de acordo com o jornal.
Eram 19 os controladores totalmente certificados no local em setembro de 2023, segundo relatório anual mais recente do Congresso que trata do assunto e recomenda os níveis ideais de funcionários. Metas estabelecidas pela FAA e pelo sindicato dos controladores exigem 30.
O nível inadequado de funcionários, causado por anos de rotatividade e orçamentos apertados, entre outros fatores, tem obrigado controladores a trabalhar até dez horas por dia, seis dias por semana.
O choque ocorreu por volta das 21h dos EUA (23h de Brasília). O avião operado pela American Airlines voou de Wichita, no estado de Kansas, e estava prestes a pousar no aeroporto Ronald Reagan, que interrompeu suas operações por algumas horas devido à confusão.
Pouco antes da colisão, a torre de controle orientou o piloto do avião a mudar a pista em que seria feito o pouso, de acordo com o The New York Times. Ainda não se sabe, contudo, se houve falha por parte dos controladores. A FAA não respondeu a um pedido de comentário do jornal.
Entre os 60 passageiros no voo havia diversos patinadores artísticos, assim como parentes e treinadores deles, que voltavam para casa após eventos em Wichita. O grupo incluía os campeões russos Ievgenia Chichkova e Vadim Naumov, segundo reportou a imprensa de Moscou.
O Kremlin transmitiu seus sentimentos aos familiares dos cidadãos do país, mas afirmou que não havia planos de o presidente Vladimir Putin conversar com seu homólogo americano, Donald Trump, sobre o assunto por ora.
O Pentágono investiga o acidente. Uma das duas caixas-pretas do avião já foi recuperada por mergulhadores, segundo a CBS News.
Trump, que assumiu há dez dias a Presidência dos EUA, foi informado sobre o incidente cerca de duas horas depois de ele acontecer. Ele agradeceu aos socorristas e disse estar acompanhando a situação num pronunciamento divulgado pela Casa Branca.
Depois, o presidente comentou o caso em sua rede, a Truth Social, questionando o motivo do acidente. "O avião estava em uma linha de aproximação perfeita e rotineira para o aeroporto. O helicóptero estava indo diretamente em direção ao avião por um período prolongado. Era uma noite clara, as luzes do avião estavam brilhando intensamente. Por que o helicóptero não subiu ou desceu, ou virou?", escreveu.
"Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer em vez de perguntar se eles viram o avião? Esta é uma situação ruim que parece que deveria ter sido evitada", seguiu.
Trump voltou a levantar suspeitas contra os controladores de tráfego nesta quinta, em um encontro com a imprensa. Na ocasião, ele afirmou que o nível dos profissionais da área baixou devido a políticas de diversidade promovidas pela FAA durante as gestões de Barack Obama (2009-2017) e Joe Biden (2021-2025).