Voo com 311 venezuelanos vindos do México chega a Caracas em meio a atrito com EUA

A aeronave da companhia aérea estatal Conviasa chegou ao aeroporto de Maiquetía por volta das 11h30 (12h30 no Brasil) com 311 passageiros

© Getty

Mundo Migração Há 20 Horas POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um voo com 311 venezuelanos vindos do México pousou no norte de Caracas nesta quinta-feira (20), enquanto os voos de deportados dos Estados Unidos seguem pausados após rusgas entre o regime e o governo de Donald Trump.

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A aeronave da companhia aérea estatal Conviasa, alvo de sanções de Washington, chegou ao aeroporto de Maiquetía por volta das 11h30 (12h30 no Brasil) com passageiros que, de acordo com informações iniciais, foram devolvidos ao seu país natal antes que conseguissem chegar aos EUA.

Eles foram recebidos pelo ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, que afirmou que o voo foi resultado de um acordo direto com o governo mexicano, qualificado por ele de "respeitoso com os direitos humanos".

Segundo o funcionário da ditadura, havia 21 crianças na aeronave. "Algumas estão viajando sozinhas e serão recebidas por seus avós ou pais", afirmou.

Minutos antes, os EUA haviam acusado as autoridades do regime de mentir ao afirmar que voos de repatriação via México estavam ocorrendo.

"Como esperado, Nicolás Maduro e seus cúmplices continuam mentindo. Apesar dos relatos da mídia, os voos de repatriação para a Venezuela via México não estão ocorrendo hoje. Maduro deve parar de enganar e programar voos de repatriação semanais e consistentes", afirmou, na rede social X, o Departamento de Estado americano.

A operação ocorre em plena crise entre o regime de Nicolás Maduro e Trump, com quem a ditadura fez um acordo para repatriar migrantes após atritos. Desde o retorno do republicano à Casa Branca, dois voos com deportados decolaram do Texas e outro, de Honduras, transportou prisioneiros de Guantánamo.

No último fim de semana, outro voo com venezuelanos saiu de solo americano, mas pousou em outro local. No domingo (23), mais de 200 pessoas que os EUA consideram suspeitas de pertencer à gangue Tren de Aragua foram deportados a El Salvador, onde estão sendo mantidas na megaprisão construída sob o governo de Nayib Bukele.

A fragilidade de muitas das acusações tem gerado críticas a Trump. Para conseguir enviá-los ao país centro-americano, o republicano invocou uma lei de 1798 que permite a expulsão, sem julgamento, dos chamados "inimigos estrangeiros".

A Venezuela exigiu que eles sejam libertados e repatriados, ao mesmo tempo em que denuncia o que considera uma campanha para criminalizar a migração.

"Esperamos que o governo de El Salvador entregue os venezuelanos que têm sequestrados para que se reencontrem com suas famílias", disse Cabello no aeroporto de Maiquetía, que atende Caracas. Na véspera, durante seu programa semanal, o venezuelano já havia chamado o presidente salvadorenho de "sequestrador e delinquente". "Lembrarão de mim, mas os EUA mesmo cobrarão de Bukele", afirmou.

Sem laços diplomáticos desde 2019, Caracas e Washington concordaram, na semana passada, em retomar os voos de deportação após mais de 600 venezuelanos serem repatriados em fevereiro -mas eles ainda não ocorreram.

A pausa se deve a uma suspensão da licença, por parte dos EUA, para que a petroleira americana Chevron operasse no país caribenho em protesto ao que o governo Trump considera uma lentidão no ritmo das repatriações.

Quase 8 milhões de venezuelanos abandonaram seu país desde 2014, segundo as Nações Unidas. Eles saíram em busca de melhores condições de vida em meio a uma crise profunda que reduziu a economia em 80%. Maduro, que atribui o êxodo às sanções dos EUA, desconsiderou por anos o tamanho da diáspora venezuelana.

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