Bolsonaro descarta filhos para Presidência e diz ao NYT para esquecer sobre 2022

Ele tem dois filhos sobre os quais já se especulou a possibilidade de tentarem a Presidência: Flávio, senador pelo PL no Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal de São Paulo pelo mesmo partido. Eduardo já chegou a se colocar como um possível plano B caso a inelegibilidade do pai não fosse revertida

© <p>Getty Images</p>

Política JAIR-BOLSONARO 17/01/25 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao jornal The New York Times divulgada nesta quinta-feira (16) que apoiaria algum dos filhos para concorrer ao Congresso Nacional, mas não à Presidência."Para você ser presidente aqui [no Brasil] e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência", afirmou o ex-mandatário ao jornal.

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Ele tem dois filhos sobre os quais já se especulou a possibilidade de tentarem a Presidência: Flávio, senador pelo PL no Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal de São Paulo pelo mesmo partido.Eduardo já chegou a se colocar como um possível plano B caso a inelegibilidade do pai não fosse revertida.

Bolsonaro está impedido de concorrer até 2030 em razão de duas decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relacionadas a ataques infundados ao sistema eleitoral e ao uso político do 7 de Setembro.

Ele também foi indiciado, em novembro passado, por suspeita de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Lula.

Em entrevista também nesta quinta ao canal no YouTube da revista Oeste, Bolsonaro falou dos planos que tem para a família nas eleições gerais de 2026. De acordo com ele, a esposa Michelle Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo disputam vagas no Senado. Para a Câmara, devem sair Carlos e Jair Renan. Assim, cinco integrantes da família pretendem disputar cadeiras no Congresso Nacional.

O ex-presidente também repetiu na entrevista que chegou a avaliar um decreto de estado de sítio em 2022 porque acreditou que a eleição, vencida por Lula (PT), havia sido roubada.

Mas disse que voltou atrás após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes rejeitar o pedido do PL para invalidar votos nas eleições e sua equipe entender que o Congresso também teria que aprovar o estado de sítio. " 'Esqueça', ele disse. 'Nós perdemos'", relata o jornal.

Bolsonaro também voltou a dizer na entrevista que não sabia do plano descoberto pela Polícia Federal para matar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes, de modo a impedir a posse do petista.

"Quem quer que seja que tenha elaborado este possível plano deve responder", disse. "Por minha parte, não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades."

O ex-presidente também diminuiu a importância das acusações, afirmando que o plano era "inviável" e "impossível".

Disse ainda que não se preocupa em ser julgado, mas com quem o julgará, em referência a Moraes.

Além do caso da trama golpista, Bolsonaro já foi indiciado em outras duas frentes de investigação: por joias recebidas da Arábia Saudita e pelo caso da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

O ex-presidente afirmou se sentir vigiado "o tempo todo" e disse que "o sistema não me quer preso, me quer eliminado".

Sobre a inelegibilidade declarada em caso envolvendo a reunião com diplomatas estrangeiros, quando destilou ataques infundados sobre a Justiça Eleitoral, Bolsonaro disse ao jornal que a decisão é uma "violação à democracia" e que busca formas de se apresentar nas eleições do ano que vem.

Segundo o jornal, ele também afirmou que dois magistrados nomeados por ele para compor o STF -André Mendonça e Kassio Nunes Marques- disseram a ele que sua inelegibilidade é "absurda". Mendonça e Kassio vão compor o TSE antes das próximas eleições presidenciais.

POSSE DE TRUMP

Na entrevista, Bolsonaro também afirmou estar orgulhoso com o convite de Donald Trump para que ele acompanhe a posse nos Estados Unidos, programada para ocorrer na próxima segunda-feira (20).

"Me sinto como uma criança outra vez com o convite de Trump. Estou entusiasmado. Já nem tomo viagra mais", disse, em referência ao medicamento para disfunção erétil.

Nesta quinta-feira (16), Moraes negou o pedido de Bolsonaro para ir à posse.O passaporte do ex-presidente está retido em decorrência das investigações das quais ele é alvo, incluindo a que trata da suspeita de envolvimento na trama golpista.

Na reportagem do New York Times, Bolsonaro e Trump são chamados de doppelgängers -termo de origem alemã utilizado para se referir a pessoas idênticas- políticos em razão de suas trajetórias marcadas por perdas de eleições acompanhadas de acusações de fraude.

Bolsonaro também afirmou ao jornal entender que "as redes sociais definem as eleições" e que Trump, Elon Musk e Mark Zuckerberg lideram um movimento a favor da liberdade de expressão que, ele espera, pode impactar a política no Brasil.

A explicação de como Trump e os magnatas da tecnologia poderiam ajudá-lo em seus desafios jurídicos, entretanto, foi entendida pela reportagem do New York Times como "vaga". O ex-presidente disse que "não vai tentar dar conselhos a Trump", mas que "espera que sua política realmente repercuta no Brasil".

 

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