Dólar despenca abaixo de R$ 6 com falta de medidas concretas na política tarifária dos EUA

Às 13h03, a moeda norte-americana despencava 1,48%, cotada a R$ 5,941

© Shutterstock

Economia Dinheiro Há 7 Horas POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar apresenta forte queda nesta quarta-feira (22) e está sendo negociado abaixo do patamar psicológico de R$ 6, à medida que investidores ponderam sobre a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

PUB

 

Na cena doméstica, as atenções estão voltadas a possíveis novos anúncios de medidas fiscais por parte do governo Lula (PT).

Às 13h03, a moeda norte-americana despencava 1,48%, cotada a R$ 5,941. Essa é a menor cotação desde quando o dólar cruzou a marca de R$ 6 em novembro do ano passado.

Já a Bolsa tinha leve queda de 0,11%, aos 123.201 pontos.

Em dia de agenda macroeconômica esvaziada, o foco do mercado segue sendo o novo governo dos Estados Unidos.

Após tomar posse na segunda-feira, Trump iniciou o segundo mandato com uma série de decretos e anúncios de planos para as próximas semanas. Entre eles, que poderá impor tarifas de importação a produtos da União Europeia e da China no início de fevereiro, mesma ameaça feita contra Canadá e México.

A promessa de uma política tarifária mais protecionista esteve no centro da campanha presidencial do republicano. Segundo especialistas em comércio, as medidas afetariam os fluxos comerciais, aumentariam custos e provocariam retaliações.

O principal temor, no entanto, é sobre o efeito na economia doméstica dos EUA. As tarifas têm potencial inflacionário, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central do país) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. E, quanto mais altos os juros por lá, melhor para o dólar, que se torna mais atraente conforme os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro norte-americano crescem.

Mas, apesar das falas nos primeiros dias no cargo, o mercado pondera se as ameaças são bravatas políticas ou de fato planos concretos do presidente. Até agora, Trump apenas orientou que as agências federais investiguem os déficits comerciais dos EUA e as práticas comerciais "injustas" de países parceiros.

"Essa abordagem do governo Trump, de primeiro ameaçar para depois estudar se realmente vai ser implantada alguma tarifa sobre as outras economias, tem levado a um movimento de enfraquecimento global do dólar", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Visto o que se antecipava, o receio era de que ele teria uma postura agressiva já no seu primeiro dia de mandato."

Com temores de um repique inflacionário por causa das tarifas, o dólar vinha acumulado ganhos em relação às demais moedas antes da posse do presidente. Agora, investidores têm retirado investimentos na divida norte-americana.

Além do real, o peso mexicano e o chileno também estão em recuperação.

A forte queda nesta quarta também é atribuída, segundo o economista André Perfeito, a efeitos acumulados da taxa Selic.

"Não é possível dizer que o real está ganhando força sozinho, mas se acumulam evidências de que a moeda brasileira pode estar se valorizando pelos efeitos cumulativos da taxa Selic em alta", avalia ele.

A taxa básica de juros do país está em 12,25% ao ano e deve chegar a 14,25% até março, conforme indicado pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) na última reunião de 2024.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de "carry trade" -isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

"Não podemos e nem devemos assumir que o real vai se apreciar fortemente nos próximos meses, muito pelo contrário, mas também é evidente que o mercado está considerando seriamente os R$ 6,00 como o ponto de gravidade."

Por aqui, o mercado segue atento a possíveis novos anúncios na cena fiscal, ainda que as sessões estejam sendo ditadas pela falta de impulsos. O Congresso Nacional estará em recesso até o dia 2 de fevereiro.

Analistas apontam que o principal receio do mercado ainda é o cenário fiscal, e a dúvida segue sendo a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta que o governo pode apresentar novas medidas caso julgue necessário para o cumprimento das metas fiscais do ano.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele afirmou que o governo está fazendo um balanço do que foi aprovado em 2024 para já avaliar se há a necessidade de apresentação de medidas adicionais.

No último dia de plenário do ano passado, 20 de dezembro, o Congresso aprovou uma série de medidas de contenção de gastos apresentadas pelo Executivo no final de novembro.

A estimativa do Ministério da Fazenda era de uma economia de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026. Mas o pacote foi enfraquecido na tramitação, e cálculos iniciais estimam que até R$ 20 bilhões da conta original vão deixar de ser poupados.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

Economia Pesquisa Há 14 Horas

Pesquisa mostra preferência das empresas por boleto bancário ao invés de Pix

Economia Transações Há 14 Horas

Golpes com Pix no Brasil devem chegar a R$ 11 bilhões em 2028, projeta estudo

Economia Benefício 21/01/25

Governo Lula promete manter Auxílio Gás após ficar sem dinheiro para pagar benefício

Economia Era Trump Há 12 Horas

Com Trump, EUA podem limitar compra de carnes, sucos e siderúrgicos do Brasil, diz FGV/Icomex

Economia Mercado Financeiro 21/01/25

Dólar cai a R$ 6,03 com ameaça de Trump de impor tarifas sobre importações

Economia RUI-COSTA Há 11 Horas

Rui Costa diz que governo vai adotar medidas para baratear alimentos

Economia Negócios Há 5 Horas

Milei diz que Argentina pode deixar Mercosul para fechar acordo com os EUA

Economia Dinheiro Há 7 Horas

Dólar despenca abaixo de R$ 6 com falta de medidas concretas na política tarifária dos EUA

Economia BB Há 10 Horas

Banco do Brasil adapta aplicativo para atender pessoas com deficiência