© Shutterstock
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A empresa do Rio que comprou alimentos e cosméticos que ficaram submersos durante as enchentes do Rio Grande do Sul vendeu lotes de carne estragada como se fossem produtos nobres do Uruguai. Quatro foram presos.
PUB
Empresa lucrou 1.000% com compra e venda, segundo a Polícia Civil. A Tem Di Tudo Salvados gastou R$ 80 mil na compra de 800 toneladas da carne bovina quando o preço original, do produto em boas condições, está avaliado em torno de R$ 5 milhões.
Tem Di Tudo alegou a produtores da cidade de Canoas (RS) que o material seria transformado em ração para animais. A empresa tem autorização para fazer o reaproveitamento de produtos vencidos.
Investigação descobriu que carne foi maquiada e colocada à venda. A Tem Di Tudo lavou as carnes para retirar os resíduos de lama e embalou o produto em caixas que simulam uma marca uruguaia.
"Há informações de que a carne foi maquiada, ou seja, aquela deterioração provocada pela lama, pela água putrefata que ficaram acumuladas no frigorífico, deixou alguns efeitos deletérios. Esses efeitos foram retirados, maquiados, para fazer a revenda", disse Wellington Vieira, delegado da Decon (Delegacia do Consumidor).
Esquema foi descoberto depois que a empresa gaúcha notou que comprou a carne estragada de volta, como se estivesse própria para consumo. Segundo a polícia, peças da carne estragada foram vendidas para um frigorífico de Nova Iguaçu (RJ), que revendeu para empresas de Minas Gerais. Por coincidência, uma dessas empresas vendeu a carne de volta para o produtor de Canoas.
Produtor percebeu que lote do produto era o mesmo que ele vendeu para ser usado na fabricação de ração e denunciou o caso à polícia. Na quarta-feira (22), a polícia do Rio cumpriu mandados de busca e apreensão na cidade de Três Rios. Duas toneladas de carne estragada foram apreendidas em um supermercado em Gramacho, em Duque de Caxias. O local foi interditado.
Quatro pessoas foram presas em flagrante na operação. Os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
Há duas semanas, uma farmácia também foi alvo de uma operação por suspeita de vender medicamentos e cosméticos contaminados pela água das enchentes. A empresa de São Leopoldo lavava os produtos sujos e redistribuía para suas filiais, segundo a polícia do Rio Grande do Sul. O depósito foi fechado e os donos, autuados.
Leia Também: 1º voo da era Trump com deportados chega hoje ao Brasil