Presidente do Irã diz que não negociará com os EUA enquanto estiver sob ameaça

"É inaceitável para nós que eles [os EUA] deem ordens e façam ameaças. Eu nem sequer vou negociar com você. Faça o que bem entender", disse Masoud Pezeshkian

© Getty Images

Mundo Conflitos Há 13 Horas POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou que não negociaria com os Estados Unidos enquanto estiver sendo ameaçado. Disse ainda a Donald Trump que "faça o que bem entender", segundo a mídia estatal iraniana nesta terça-feira (11).

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"É inaceitável para nós que eles [os EUA] deem ordens e façam ameaças. Eu nem sequer vou negociar com você. Faça o que bem entender", disse o iraniano.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse no sábado (8) que Teerã não seria coagido a negociar, um dia depois de Trump afirmar que enviou uma carta instando o Irã a se envolver em negociações sobre um novo acordo nuclear.

"Escrevi uma carta para eles, dizendo que espero que negociem porque, se tivermos que fazer isso militarmente, será uma coisa terrível para eles", disse o americano à Fox Business. "Não podemos permitir que eles tenham uma arma nuclear."

A missão do Irã nas Nações Unidas, em Nova York, afirmou que o país não recebeu nenhuma carta de Trump.

Embora tenha se mostrado aberto a um acordo com Teerã, Trump reimprimiu a campanha de "máxima pressão" que aplicou durante seu primeiro mandato para isolar o Irã da economia global e reduzir as exportações de petróleo iranianas a quase zero.

Há um mês, Khamenei já havia dito que experiências anteriores provaram que negociações com os EUA não são "inteligentes, sábias ou honrosas". Segundo ele, "você não deve negociar com um governo desses, é imprudente, não é inteligente, não é honroso negociar".

O Irã tem negado há muito tempo que deseja desenvolver uma arma nuclear. No entanto, está "acelerando dramaticamente" o enriquecimento de urânio para até 60% de pureza, próximo ao nível de aproximadamente 90% necessário para armas nucleares, alertou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Segundo Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, o Irã está cruzando as linhas vermelhas estabelecidas por seus adversários rumo à fabricação de uma bomba atômica. Grossi é responsável por mediar as negociações que visam evitar que o regime dos aiatolás adquira armas nucleares e afirmou, em entrevista à Folha no ano passado, que "não é porque você não olha para o problema que ele desaparece". "A questão segue, e o Irã tem enriquecido urânio em níveis altos".

O Irã acelerou seu trabalho nuclear desde 2019, um ano após o então presidente Trump abandonar o pacto nuclear de 2015 de Teerã com seis potências mundiais e reimpor sanções que prejudicaram gravemente a economia do país.

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