Autoridades do setor aéreo já estudam mercado de aviação sem a Voepass

A Voepass possui seis aeronaves

© Reprodução

Economia Aviação Há 17 Horas POR Folhapress

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Autoridades do setor aéreo veem como mínima a possibilidade de a Voepass Linhas Aéreas voltar a se firmar como uma companhia com operações regulares diante das dificuldades enfrentadas pela empresa.

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Dois integrantes da cúpula do governo afirmaram à reportagem, sob reserva, que não acreditam que a empresa vai conseguir vencer os problemas operacionais, financeiros e, principalmente, de confiança dos passageiros, a despeito dos esforços da companhia para retomar os voos paralisados por determinação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) .

Para essas autoridades, o desfecho mais provável é o fim das operações da Voepass. Internamente, o governo já iniciou discussões sobre a provável distribuição dos slots que a companhia possui atualmente, ou seja, as autorizações dadas por autoridades aeroportuárias para que a empresa possa pousar ou decolar em um determinado aeroporto, em horário específico.

A Voepass possui seis aeronaves. A operação da companhia incluía 15 localidades com voos comerciais e duas com contratos de fretamento, sendo que a maior parte dos destinos está no interior do país. Esses slots incluem aeroportos considerados valiosos para qualquer operação, como Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, além de Fernando de Noronha (PE), entre outros.

Mais de 30 mil bilhetes foram afetados pela suspensão. A maioria desses bilhetes foi adquirida por meio da Latam, com a qual a empresa mantém um acordo comercial, permitindo que os passageiros comprem bilhetes diretamente com a Latam para voos operados pela Voepass.

O tema tem sido tratado com discrição pela Anac e pelo Ministério de Portos e Aeroportos, que não comentam o assunto publicamente.

A Voepass informou à reportagem que "está trabalhando para retomar suas operações o mais breve possível" e que, desde que recebeu a notificação da Anac, iniciou discussões internas para demonstrar a capacidade de garantir todos os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora.

"A Voepass ressalta ainda que não há nenhuma determinação em relação aos slots e não comentará especulações", declarou.

Além dos problemas de imagem, a companhia acumula dívidas. São pelo menos R$ 215 milhões em débitos. Por meio de decisão da Justiça em 14 de fevereiro, a empresa conseguiu uma proteção contra o arresto de aeronaves e a cobrança de credores por 60 dias. A empresa culpa a Latam, em parte, pelas dívidas. A Latam não comenta o assunto.

A Voepass é a quarta maior companhia aérea do Brasil em participação de mercado, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A empresa fica atrás das três principais companhias do setor -Azul, Latam e Gol-, que detêm, juntas, mais de 99% da demanda do mercado.

A Voepass foi fundada em 1995, em Ribeirão Preto (SP), onde sua sede permanece até hoje. Chamava-se Passaredo e mudou de nome em 2019, após uma série de aquisições, acordos e um processo de recuperação judicial. O acordo entre Voepass e Latam, segundo fontes do governo, deve ser encerrado em breve.

Após o acidente aéreo ocorrido no dia 9 de agosto do ano passado, em Vinhedo (SP), foi implantada uma operação assistida de fiscalização da Anac nas instalações da companhia. Funcionários da agência acompanharam os trabalhos de operação e manutenção da empresa para verificar as condições necessárias à garantia da segurança.

A queda do voo 2283, que fazia a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), provocou a morte de 62 pessoas. O desastre foi o mais letal do país desde 2007, quando um acidente com o voo 3504 da TAM nos arredores do aeroporto de Congonhas deixou 199 mortos.

Em outubro de 2024 a Anac exigiu a redução da malha da companhia, o aumento do tempo de solo das aeronaves para manutenção, a troca de administradores e a execução de plano de ações para a correção de irregularidades.

De acordo com a Anac, no final do mês passado, após nova rodada de auditorias, foi identificada a "degradação da eficiência do sistema de gestão da empresa em relação às atividades monitoradas e o descumprimento sistemático das exigências feitas pela agência".

Além disso, foi constatada a reincidência de irregularidades apontadas e consideradas sanadas pela agência nas ações de vigilância e fiscalização anteriores e a falta de efetividade do plano de ações corretivas.

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