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ALEXANDRE ARAUJOSÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um futuro que estava em aberto parece ganhar contornos mais consistentes. Atleta mais experiente da seleção de ginástica artística, Jade Barbosa tinha dúvidas sobre os passos após Paris-2024, mas já indica a vontade de estar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.
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Aos 33 anos, os planos ganham força após cirurgia que ela fez no joelho direito, em dezembro de 2024. Segundo a atleta, o procedimento foi realizado visando escrever novos capítulos na vida como ginasta.
Com a cirurgia, ficou um pouco complicado competir nesse primeiro semestre do ano. Estamos com foco nessa recuperação. Fiz essa cirurgia focando em Los Angeles-2028. Se eu fosse parar no esporte, poderia ficar sem [a cirurgia], mas visando o nível de ginástica que eu gostaria de continuar tendo era importante fazer isso por segurança Jade Barbosa
Em Paris-2024, Jade ajudou na conquistou da inédita medalha de bronze na disputa por equipe, ao lado de Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira -essas também companheiras no Flamengo- e Julia Soares.
A ginasta participou da CBC & Clubes Expo, realizado em Campinas, São Paulo, entre os dias 11 e 15 de março. Jade recebeu uma homenagem e participou da plenária "Mulheres olímpicas", ao lado de Maurren Maggi e Magic Paula.
"A gente volta dos Jogos Olímpicos e não sabe como o corpo está. Precisamos entender, conversar com os médicos. 'Ginasticamente', tenho os elementos que são possíveis, mas temos de ver recuperação, corpo, cabeça. Voltando, tendo esse tempo... Fiz a cirurgia visando isso. Tantas coisas depois do ciclo foram tão legais que nos fortalece. Isso facilita. Tenho 33, e uma saúde boa para tudo de ginástica que já veio dentro da minha carreira (risos). Os fatores ajudam. Apaixonadas pelo esporte sempre vamos estar, amamos isso. Eu vou continuar querendo sempre, mas aí é saber se tem possibilidade", disse Jade Barbosa.
O que mais ela falou?O pós-Olimpíadas de Paris. "Após as Olimpíadas, tivemos o Brasileiro. Foi o primeiro evento pós-olímpico no Brasil. Foi uma loucura. Quando vi a arquibancada, fiquei chocada. Pensei: 'Chegamos no ponto que eu sempre quis, de popularizar o esporte, ter mais gente assistindo'. Foi um choque. Tivemos um camping [período de treino] da seleção muito incrível. Para mim, um dos camping mais realizadores. A cada quatro anos temos a renovação da seleção, no primeiro ano de ciclo. Tivemos 33 meninas, tem bastante tempo que não tem esse número na seleção. Ano importante, muitas meninas novas em que temos de dar experiência. Estou bem animada para esse novo ciclo, muitas meninas novas".
Já tem ideias para novos collants? "A questão dos collants foi algo que nunca imaginei que fosse tomar essa proporção. Acho que venho de uma geração do esporte em que fazíamos tudo dentro do ginásio. Hoje, temos uma equipe multidisciplinar em que cada um ocupa uma função, mas eu vim dessa geração e, por isso, nos ajudamos em todas as etapas. Conversando muito junto às meninas e entendendo o que elas gostariam, começamos com essa história. Já entreguei alguns exemplares para competições desse ano, mas é o primeiro projeto. Não sei como vai ser o andamento. Ainda não tem um planejamento, mas estou bem ansiosa. Abriu um mundo novo e estou bem contente com essa oportunidade".
Você fala em organização, planejamento. Já está em transição de carreira? "Difícil falar. Eu vim de uma geração em que era comum todo mundo fazer tudo, e foi assim que crescemos e conquistamos tudo que temos hoje. Entendemos o valor de cada etapa. Hoje, estamos em uma etapa maravilhosa, mas tenho uma filosofia de que tem de estar a melhor equipe possível em cada competição. Em 2024, eu fiz parte dessa melhor equipe. É um processo a longo prazo. Tem uma geração muito nova e temos de tirar tudo dela para ver a melhor possibilidade de medalha em 2028. Tenho muito esse senso de responsabilidade e fico contente em termos meninas para trabalhar.
A transição de carreira acaba sendo algo natural com o esquema que temos na seleção. Temos meninas mais velhas, eles entendem que essas meninas vão precisar fazer isso em algum momento e nos deixam à vontade. Já fiz faculdade de marketing, MBA em gestão de pessoas, tenho cursos do comitê. Temos inúmeros atletas dentro do esporte que têm experiência que poucas pessoas vão ter no mercado de trabalho, mas não tem a formação necessária para atingir certos trabalhos. Eu gostaria de ser uma pessoa que tem formação de ginásio e possa fazer a diferença para frente".
Patamar que a ginástica alcançou no Brasil. "É muito mágico. É difícil colocar palavras porque tomou uma proporção... Às vezes, eu chego em casa, olho a medalha e penso: 'Meu Deus, isso rolou! É verdade mesmo'. A gente anda na rua, no clube, no Parque Olímpico e as pessoas te olham, se sentem honradas em serem representadas por você. É um privilégio representar o Brasil fora. Chegamos a um nível de respeito lá fora que é algo que trabalhamos há mais de 20 anos. O Brasil é esperado. Vamos receber o Mundial de Ginástica Rítmica. A história do nosso esporte no Brasil atingiu outro patamar. É muito bom viver esse momento".