Escorpião capaz de envenenar sem contato físico é descoberto na Colômbia
Batizado como Tityus achilles, o escorpião foi identificado na região de Cundinamarca, em Bogotá
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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Pela primeira vez na história foi encontrada na América do Sul uma espécie de escorpião com capacidade de "espirrar" seu veneno.
Batizado como Tityus achilles, o escorpião foi identificado na região de Cundinamarca, em Bogotá, na Colômbia. A descoberta do novo gênero de escorpião foi divulgada em um artigo no Zoological Journal of the Linnean Society.
Antes dessa espécie, somente duas foram documentadas com esse mecanismo no mundo todo, uma na América do Norte e outra na África.
A pulverização do veneno por uma espécie da América do Sul causou surpresa aos cientistas. De modo geral, o veneno dos escorpiões é produzido na cauda, mais precisamente no "télson", onde há duas glândulas produtoras do veneno, para poder injetar no seu alvo.
ATAQUE SEM CONTATO FÍSICO
No caso dos escorpiões que espirram o veneno, o contato físico não se faz necessário. Eles usam esse mecanismo para assustar um possível predador, podendo fugir ou atacá-lo com uma picada letal. No entanto, o predador ou presa também pode se defender.
A anatomia do Tityus achilles sugere que o ângulo para espirrar o veneno pode ser direcionado para os olhos e nariz de quem ele desejar atacar. Todavia, o método não é tão eficiente como a picada.
"Essas toxinas precisam atingir tecidos muito sensíveis para realmente fazer efeito, Para que isso faça sentido, o predador tem que ser um vertebrado. As toxinas dificilmente penetrariam no exoesqueleto de um invertebrado", disse Léo Laborieux, aluno de mestrado na Universidade Ludwig Maximilian de Munique, ao Live Science.
Laborieux testou a capacidade do T. achilles de espirrar seu veneno prendendo espécimes com um canudo e gravando suas reações. Foram testados 10 escorpiões jovens, que ejetaram veneno 46 vezes, atingindo uma distância máxima de 36 centímetros.
Alguns dos escorpiões lançaram uma pequena quantidade de gotas de veneno para se proteger do canudo. Já outros espirraram veneno de maneira contínua. A maioria dos jatos foi direcionada para a frente, e alguns para trás e para cima.
A maioria dos jatos era transparente, representando o que os cientistas chamam de pré-veneno, líquido tóxico geralmente liberado antes do veneno propriamente dito, que por sua vez tem tom leitoso.
"O veneno em si é geralmente composto de peptídeos e proteínas de maior peso molecular, e por essa razão, muito mais trabalhosos de produzir", disse Laborieux.
Existem mais de 2.000 espécies de escorpiões documentadas no mundo. No Brasil são 172 espécies, conforme informado pelo Instituto Butantan em um estudo feito em 2022.