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Tarcísio cumpriu 21% de promessas ao chegar a metade do mandato em SP, enquanto 15% estão paradas

De acordo com o levantamento feito pela reportagem, 44% dos compromissos estão em andamento; 19%, em ritmo lento, e 15%, parados

Tarcísio cumpriu 21% de promessas ao chegar a metade do mandato em SP, enquanto 15% estão paradas
Notícias ao Minuto Brasil

21/01/25 06:37 ‧ Há 3 Horas por Folhapress

Política TARCÍSIO-FREITAS

(FOLHAPRESS) - Recém-completados dois anos de mandato, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) cumpriu 21% das 124 promessas feitas durante a campanha de 2022 ao Governo de São Paulo e catalogadas pela reportagem.

 

Além disso, de acordo com o levantamento feito pela reportagem, 44% dos compromissos estão em andamento; 19%, em ritmo lento, e 15%, parados.

Nessa cadência, o governador conseguiu cumprir uma promessa a cada 28 dias de mandato, ligeiramente mais rápido que em 2023, quando foram 30 dias para cada item. Para findar os compromissos dentro dos quatro anos de administração, a hipotética média ideal seria concluir um a cada 12 dias.

Os objetivos do chefe do Executivo estadual classificados pela reportagem foram estabelecidos durante a campanha eleitoral de 2022, no plano de governo e em falas públicas -durante entrevistas à imprensa, por exemplo- no pleito em que ele venceu Fernando Haddad (PT) e encerrou 28 anos de hegemonia do PSDB em terras paulistas.

No total, são 26 promessas concluídas na primeira metade do mandato; 55 em andamento; 24 em ritmo lento e 19 promessas paradas.

Em nota, o Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Comunicação, afirmou que a gestão alcançou resultados expressivos em todas as áreas de atuação e que teria concluído 40% de todos os compromissos de campanha, com outros 58% em andamento e 2% pendentes.

Ressaltou ainda políticas públicas como a modernização da máquina pública, a redução do número de estatais, a informatização de serviços para a população e o fortalecimento de agências reguladoras estaduais, além do andamento de obras como o trecho norte do Rodoanel e a Linha 17-ouro do metrô.

A reportagem considerou finalizadas as propostas que tiveram andamento e foram completamente implementadas, como no caso da inauguração de 30 novos Bom Prato -foram abertas 37 unidades no mandato de Tarcísio. Por outro lado, estão parados os compromissos em que não houve anúncio nem tomada de medidas, direta ou indiretamente.

Para uma proposta ser considerada em andamento, ela precisa ter sido anunciada e implementada, ou seja, o projeto ter saído do papel. Um dos casos é a ampliação da acessibilidade nas escolas: o governo injetou R$ 1,75 bilhão para as escolas investirem no tema, sendo um passo efetivo para a implementação da política pública.

Por fim, são classificados como lentos compromissos em que alguma política pública foi anunciada, mas não está em vias de implementação.

Um exemplo é a avaliação de servidores públicos por desempenho, que Tarcísio prometeu em seu plano de governo. O Palácio dos Bandeirantes tomou ações indiretas sobre o tema, modernizando os sistemas de gestão dos funcionários estaduais, mas não tomou atitudes práticas para avaliá-los de acordo com seus resultados.

O status atual das promessas foi obtido a partir de informações dos órgãos do próprio governo estadual. Para o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), o percentual é classificado como "razoável", já que os números de promessas cumpridas e em andamento somam mais de 60%.

"Raramente o prefeito, por exemplo, consegue entregar mais de 30% do que ele prometeu no começo do governo. Então, esse balanço é bastante favorável, considerando que tem mais dois anos e também que governadores e prefeitos que buscam a reeleição fazem muitas entregas nos dois últimos anos de governo", afirma.

As áreas de economia (6) e governo digital (5) são as que mais tiveram promessas concluídas até o momento. Não foram finalizados nenhum dos objetivos das pastas de Cultura, Esporte, Meio Ambiente e Transporte e ações relativas ao centro da cidade de São Paulo.

Apesar disso, grandes bandeiras do governador, como a privatização da Sabesp (empresa de saneamento básico) e da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) foram concluídas no ano passado.

O compromisso sobre a revisão da política de câmeras corporais usadas por policiais militares passou por reviravoltas e foi do status de em andamento em 2023 para parado em 2024.

Enquanto ainda era candidato, em aceno a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e contrariando especialistas em segurança pública, Tarcísio afirmou que retiraria as câmeras instaladas nos uniformes dos PMs caso fosse eleito. No ano passado, depois de circularem imagens de um agente jogando um homem de uma ponte durante abordagem, o governador voltou atrás.

"Eu admito, estava errado. Eu me enganei, e não tem nenhum problema eu chegar aqui e dizer para vocês que eu me enganei, que eu estava errado, que tinha uma visão equivocada sobre a importância das câmeras [corporais]", disse o governador em dezembro.

Na mesma ocasião, o mandatário afirmou que as câmeras são importantes para proteger os policiais. "O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os profissionais de segurança pública para combater, de forma firme, o crime não pode ser confundido com salvo-conduto para fazer qualquer coisa, para descumprir regra."

Em março de 2024, Tarcísio havia dito que não estava "nem aí" para as denúncias de abusos cometidos durante a Operação Verão da Polícia Militar, no litoral de São Paulo.

"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", disse o governador na época.

A analista política e pesquisadora Júlia Almeida avalia que é importante medir as promessas para além dos números absolutos, refletindo sobre dois pontos principais: o grau da dificuldade de implementação das propostas cumpridas e ainda a natureza das propostas com o impacto da sua gestão.

Para ela, é possível avaliar que a execução das propostas de segurança pública pode ser considerada eficiente do ponto de vista de aplicação da agenda de uma polícia "mais violenta", em sintonia com a defesa de aliados do governador, mas não do ponto de vista de aumento da segurança pública da população.

"O cumprimento das propostas de campanha precisa levar em conta essas problematizáveis. Ele pode vir a cumprir a totalidade, na tentativa de fortalecer a construção da sua imagem de gestão eficiente. O objetivo é se tornar palatável para 2026. Os custos, como vimos, são altos para a população", afirma a pesquisadora.

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