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Dólar fecha estável e Bolsa sobe, com tarifas de Trump e dados de inflação em foco

A Bolsa subiu 0,29%, a 123.866 pontos

Dólar fecha estável e Bolsa sobe, com tarifas de Trump e dados de inflação em foco
Notícias ao Minuto Brasil

12/03/25 21:48 ‧ Há 4 Horas por Folhapress

Economia Moedas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar ficou praticamente estável nesta quarta-feira (12) e marcou leve variação negativa de 0,03%, cotado a R$ 5,808. A sessão foi de alta volatilidade para a moeda norte-americana: na máxima do dia, chegou a R$ 5,846; na mínima, a R$ 5,785.

 

Já a Bolsa subiu 0,29%, a 123.866 pontos, tendo também alternado de sinal diversas vezes ao longo do pregão.

Os investidores repercutiram dados de inflação do Brasil e dos Estados Unidos, divulgados pela manhã, e as últimas notícias sobre o tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do país, acelerou a 1,31% em fevereiro, depois de variar 0,16% em janeiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O número veio exatamente em linha com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg, com o intervalo das estimativas indo de 1,2% a 1,41%. Com o novo resultado, o IPCA acelerou a 5,06% no acumulado de 12 meses, após marcar 4,56% até janeiro. O teto da meta é de 4,5%.

O real foco dos investidores, porém, esteve nos dados dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) avançou 0,2% em fevereiro, ante 0,5% em janeiro. No acumulado de 12 meses, desacelerou para 2,8%, depois de marcar 3% no mês anterior.

Economistas consultados pela Reuters previam avanços de 0,3% na base mensal e de 2,9% na anual.

Indicador oficial da inflação dos Estados Unidos, o CPI funciona como termômetro para os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), cuja taxa de juros norteia os mercados globais.

A autoridade monetária pausou o ciclo de cortes na taxa no início do ano, sob a justificativa de resiliência do mercado de trabalho e inflação ainda acima da meta de 2%. Na reunião da próxima semana, a expectativa é que os juros sejam mantidos novamente na faixa atual de 4,25% e 4,5%.

"Apesar de o Fed deixar claro que não toma decisões com base em leituras individuais, o resultado de fevereiro favorece as possibilidades de um ciclo de afrouxamento maior do que o esperado até poucas semanas atrás. Atualmente, existe probabilidade implícita de um próximo corte em junho. Ao mesmo tempo, o potencial inflacionário da guerra comercial seguirá no radar", diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Nesta quarta, entraram em vigor tarifas de importação de 25% sobre todos os produtos de aço e alumínio que chegam aos Estados Unidos. A medida afeta o Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o país coloque em primeiro lugar a mesa de negociação já aberta com os EUA, em vez de apostar em retaliação.

Canadá e União Europeia, por outro lado, já anunciaram medidas em represália. Os canadenses vão impor 29,8 bilhões de dólares canadenses (R$ 120,3 bi) em tarifas a partir desta quinta, tendo como alvo produtos de aço, alumínio e importados dos EUA.

Já os europeus irão aplicar tarifas retaliatórias sobre 26 bilhões de euros (R$ 164,9 bi) em produtos norte-americanos a partir do próximo mês, como barcos, uísque e motocicletas Harley Davidson. A UE disse que agora iniciará uma consulta de duas semanas para escolher outras categorias de produtos.

"Claro que vou responder", disse Trump ao ser questionado sobre as retaliações.

Em comunicado na véspera, a Casa Branca disse que não abrirá exceções para os países afetados. Mas o mercado observa o tarifaço com desconfiança e cautela, já que Trump tem feito um vaivém de medidas: ora impõe, ora revoga.

"A pressão vista no começo da sessão desta quarta se deu pelas expectativas diante das tarifas de Trump, que sofreu uma contra-ofensiva de algumas potências que anunciaram retaliação de tarifas para produtos americanos. O cenário atual exige cautela em meio à possibilidade de escalada da guerra comercial", avalia Marcio Riauba, chefe da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.

Na terça-feira passada (4), Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, e, nos dias seguintes, isentou fabricantes de automóveis e todos os produtos que atendem às regras do acordo comercial USMCA de 2020.

Já nesta terça, Trump dobrou a tarifa de importação para 50% sobre produtos de aço e alumínio do Canadá, em resposta à implementação pela província canadense de Ontário de uma tarifa de 25% sobre a eletricidade que entra nos EUA. Ontário voltou atrás, e Trump disse que "provavelmente" iria reduzir a sobretaxa.

"O mercado não tem medo de notícias ruins; o mercado tem medo do escuro. Os anúncios das tarifas lembram o conto do 'Menino que Gritava Lobo', onde o menino mentia sobre um lobo que comia as ovelhas e, quando ele de fato comeu, ninguém acreditava mais no menino", diz Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos.

O pessimismo, já instalado pelos dados fracos e pelo vaivém do tarifaço, ganhou força com comentários de Trump no domingo, em entrevista à Fox News. O presidente se recusou a responder se a maior economia do mundo entrará ou não em recessão ainda em 2025. "Detesto fazer previsões como essas", disse.

"Há um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo riqueza de volta para a América. Isso é algo grande, e sempre há períodos, leva um pouco de tempo."

A leitura dos investidores é que o presidente está disposto a enfrentar uma recessão no curto prazo para conseguir implementar o tarifaço.

O dólar disparou globalmente no final do ano passado sob a sombra das ameaças tarifárias. Isso porque o aumento de tarifas, além de estimular uma guerra comercial ampla, tem o potencial de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do Fed contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente.

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