Zelenski diz que Lula não é mais ator relevante para negociação de fim da guerra
A declaração foi dada em resposta a pergunta da rede Globo durante entrevista coletiva no Fórum Econômico Mundial, em Davos
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Mundo Guerra
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta quarta-feira (22) que o Brasil "perdeu o trem" para mediar acordos que acabem com a guerra de Kiev contra a Rússia e que Lula não é mais um ator relevante nos esforços de negociação.
A declaração foi dada em resposta a pergunta da rede Globo durante entrevista coletiva no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
"Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra, etc. Agora ele não é mais um 'player'. Ele também não será um 'player' para Trump", disse o ucraniano.
Zelenski tem criticado o presidente brasileiro por participar de proposta de acordo para o fim da guerra, ao lado da China, que é vista por Kiev como inaceitável e um reforço das exigência de Moscou.
Os dois trocaram farpas ao longo de 2024. Em abril, à Folha, o ucraniano disse que Lula "cometeria um grande erro" se decidisse se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. Em setembro, o brasileiro afirmou que Zelenski não estava "conseguindo fazer a paz" e que, "se fosse esperto", diria que a solução para a guerra com a Rússia era diplomática, não militar.
Em seus dois primeiros anos de mandato, o presidente brasileiro tentou se posicionar como mediador da contenda, mas sem sucesso. Suas declarações, que buscaram certo equilíbrio entre as duas partes do conflito, têm sido lidas por aliados ocidentais de Kiev como declarações próximas de Moscou.
Em 2023, uma primeira reunião de Lula com Zelenski durante a cúpula do G7, no Japão, acabou não acontecendo e frustrando os dois lados. Depois, em entrevista à Folha, o ucraniano sugeriu que o encontro não ocorreu por falta de vontade de Lula.
"Lula quer ser original, e devemos dar essa oportunidade a ele. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta."