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A escolha do próximo papa já começou nas casas de apostas

As especulações já movimentaram quase R$ 6 milhões pelo mundo, segundo o serviço GamblingNews

A escolha do próximo papa já começou nas casas de apostas
Notícias ao Minuto Brasil

10/03/25 20:48 ‧ Há 17 Horas por Folhapress

Mundo Igreja Católica

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Francisco ainda resiste no hospital, mas espera-se que o próximo papa seja anunciado ainda este ano, seja filipino e adote o nome de Francisco 2º. Essas são as principais apostas nos mercados de predição, que há semanas abriram especulações sobre a sucessão papal e já movimentaram quase R$ 6 milhões pelo mundo, segundo o serviço GamblingNews, especializado no tema.

 

Para quem torce o nariz diante da notícia e a percebe como símbolo da decadência moral de nossos tempos, sugiro olhar para a história. Apostas sobre a morte do papa e seu sucessor acontecem há pelo menos 500 anos.

Durante um conclave que começou em novembro de 1549, banqueiros de Roma não apenas apostavam, mas também usavam os assistentes dos cardeais eleitores como informantes privilegiados para aumentar suas chances de sucesso. Segundo registros históricos, alguns dias após o início do conclave, as apostas indicavam que o cardeal inglês Reginald Pole seria eleito e que os cardeais anunciariam sua decisão em janeiro. Pole não foi eleito, e o conclave terminou apenas em março.

Em Roma, apostava-se não apenas na sucessão papal, mas também em outros temas, como quais bispos seriam indicados para o posto de cardeal. Situações como essa geravam tanta confusão que, em 1591, o papa Gregório 14 emitiu um documento punindo com excomunhão aqueles que apostassem sobre a morte e a sucessão ao trono de Pedro, bem como os que especulassem sobre a escolha de cardeais.

A ameaça de excomunhão não impediu que as apostas continuassem -nem mesmo pelo Estado. Em 1903, a loteria oficial do governo italiano abriu apostas sobre quando o papa Leão 13 morreria. Se tivesse morrido uma semana antes, o governo teria perdido mais de um milhão de dólares para os apostadores.

A penalidade de excomunhão automática para os católicos que praticavam apostas foi revogada em 1917, com a publicação do Código de Direito Canônico.

A expansão do mercado de predição via novos serviços de apostas online promete transformar a sucessão de Francisco na que mais movimentará dinheiro na história.

Por enquanto, as apostas se dividem entre três nomes.

Favorito nas casas de apostas, o cardeal filipino Luis Antonio Tagle foi arcebispo de Manila e hoje coordena a evangelização católica na Cúria Romana. Quase tão bem cotado quanto Tagle, o cardeal italiano Pietro Parolin é chefe da Secretaria de Estado do Vaticano, cargo mais importante da Cúria depois do papa. Em terceiro lugar está o cardeal ganês Peter Turkson, atualmente responsável pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, criado por Francisco, que lida com questões relacionadas à justiça, paz, migração, saúde e vítimas de conflitos.

Todas essas apostas indicam a expectativa de alguma linha de continuidade com o papado de Francisco. Os três cardeais são membros do que poderíamos chamar de governo da Igreja.

A escolha por um cardeal filipino poderia ser um importante aceno para a Ásia, onde o catolicismo mostra alguma capacidade de crescimento. Da mesma forma, um papa negro, de Gana, dedicado às questões de justiça social, poderia atrair a atenção do mundo para o Vaticano. Já a eleição de Parolin representaria uma aposta no homem forte da política vaticana, aliado de Francisco, que ainda devolveria à Itália o trono de Pedro após quase 50 anos – a mais longa ausência de um papa italiano desde o século 16.

O estudo mais abrangente sobre o tema, conduzido pelos economistas Leighton Williams e David Paton, analisou 500 anos de apostas e demonstrou que, na maioria das vezes, essas especulações se equivocam. Enquanto as apostas sobre eleições políticas frequentemente demonstram alta precisão ao antecipar vencedores, no caso da sucessão papal, feita a portas fechadas, o resultado normalmente surpreende.

No último conclave, o cardeal Bergoglio, que terminou eleito, sequer estava entre os dez mais cotados nas casas de apostas. Sobre o próximo papa, história e estatística dizem o mesmo: o mais provável é que não seja o cardeal filipino.

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