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Entenda o significado escondido dos emojis da série 'Adolescência'

A série da Netflix conta com várias referências a comunidades online e significados de emojis que podem ser pouco conhecidos entre a maioria das pessoas

Entenda o significado escondido dos emojis da série 'Adolescência'
Notícias ao Minuto Brasil

21/03/25 06:14 ‧ Há 8 Horas por Notícias ao Minuto Brasil

Tech Adolescência

A minissérie Adolescência (Everything Now), produção recente da Netflix com apenas quatro episódios, vem despertando debates importantes entre o público brasileiro. Com uma narrativa densa e provocativa, a série britânica aborda temas como educação, relações familiares, saúde mental, a influência das redes sociais na construção da identidade juvenil e, de forma particularmente incisiva, o crescimento silencioso de movimentos masculinos com discursos extremistas.

 

Esse último ponto tem chamado atenção justamente pela forma como é apresentado: por meio de gírias, siglas e emojis que, à primeira vista, parecem inofensivos — mas que carregam significados associados a ideologias misóginas disseminadas em comunidades virtuais.

Para quem não está familiarizado com fóruns como Reddit, 4chan ou com a chamada “manosfera” (rede de influenciadores que promovem ideias de masculinidade tóxica), muitos desses códigos podem passar despercebidos. No entanto, são parte ativa do vocabulário de adolescentes em busca de pertencimento, poder ou identidade.

Veja abaixo alguns dos principais termos e símbolos que aparecem na série:

Incel – Abreviação de involuntary celibate (celibatário involuntário), termo usado por homens que se dizem rejeitados sexual ou afetivamente pelas mulheres. Em muitos casos, esses indivíduos alimentam discursos de ódio, culpando o feminismo e a autonomia feminina por seu isolamento. A comunidade “incel” está por trás de diversos ataques misóginos documentados ao redor do mundo.

Nonce – Gíria britânica extremamente pejorativa usada para designar pessoas que cometeram crimes sexuais, especialmente contra crianças. Muito comum em prisões do Reino Unido e em grupos online voltados à vigilância e ao julgamento moral.

Cápsula (red pill) – Inspirado no filme Matrix, o conceito de “red pill” representa o suposto despertar para uma realidade em que os homens seriam oprimidos pelas mulheres e pelo feminismo. Esse emoji se tornou símbolo entre jovens que flertam com ideias da “manosfera” e do masculinismo radical. Na série, adolescentes usam o emoji para sinalizar essa "consciência desperta".

Emoji “100%” – Amplamente usado nas redes sociais como sinal de apoio, na série o símbolo representa uma ideologia distorcida conhecida como "regra 80/20", segundo a qual 80% das mulheres se relacionam com apenas 20% dos homens — reforçando a narrativa de que a maioria dos homens está em desvantagem afetiva.

? Feijão (kidney bean) – Um dos emojis mais criptografados da trama. Usado como marca de reconhecimento entre jovens incels, o feijão representa uma espécie de "sinal secreto" para identificação entre membros dessas comunidades. Seu significado não é óbvio e só é compreendido por quem já está inserido nesse universo digital.

Corações coloridos – Cada cor tem um significado específico dentro do universo da série, funcionando como uma linguagem codificada entre os adolescentes:

️ Vermelho – Amor
Roxo – Excitação sexual
Amarelo – Interesse mútuo
Rosa – Interesse sem intenção sexual
? Laranja – “Vai ficar tudo bem”

Explosão (dinamite) – Usado na série como um marcador silencioso para identificar quem é incel. Representa a raiva internalizada, o sentimento de exclusão e o desejo de “explodir” com as normas sociais. O emoji funciona como um símbolo codificado entre os adolescentes para sinalizar pertencimento ao grupo, sem levantar suspeitas entre os adultos.

Ao costurar esses elementos simbólicos em sua narrativa, Adolescência escancara como ideias radicais têm se infiltrado no cotidiano de jovens de forma quase imperceptível. E vai além: a série desafia pais, escolas e a sociedade como um todo a refletirem sobre o papel da educação digital na formação dos adolescentes.

Além de tratar com sensibilidade temas como ansiedade, autoestima, identidade de gênero e sexualidade, a produção acende um alerta sobre a falta de diálogo intergeracional. Muitos jovens, sem orientação adequada, acabam encontrando nos algoritmos e nas redes o “acolhimento” de grupos que os convencem de que a violência — simbólica ou real — é um caminho legítimo.

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