Argentina diz querer ampliar controle na fronteira com Brasil, mas não fala com governo Lula

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou a jornais locais nesta terça-feira (28) que traça um plano para a fronteira na província de Misiones,

© Tomas Cuesta/Getty Images

Mundo Fronteiras 28/01/25 POR Folhapress

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Após polêmica com a Bolívia devido à iminente construção de uma cerca de arame na fronteira entre os países, agora a Argentina diz que pretende aumentar o controle na fronteira com o Brasil.

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A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou a jornais locais nesta terça-feira (28) que traça um plano para a fronteira na província de Misiones, com os estados do sul do Brasil. "Tivemos ali casos de assassinatos de aluguel e outros problemas", afirmou ela.

A reportagem questionou a equipe de Bullrich, ministra forte de Javier Milei, pedindo mais detalhes. A resposta foi que tudo ainda está sob estudo e que não seria um plano nos moldes do que ocorre na fronteira com a Bolívia. Dizem que "tudo está sendo avaliado".

Ainda segundo apurou a reportagem, o governo brasileiro e a Polícia Federal (PF) ainda não foram contatados pela gestão de Milei para tratar sobre temas relativos a aumentar os controles migratórios na fronteira com o Brasil.

Com o país presidido por Luis Arce, a Argentina iniciou uma licitação para construir uma cerca de arame ao longo de 200 metros pelo município de Aguas Blancas, na província de Salta. A justificativa é combater o narcotráfico e o contrabando ao forçar as pessoas a passarem pelo controle migratório. O governo de Arce reclamou.

La Paz disse em nota que "temas fronteiriços devem ser tratados por meio de mecanismos de diálogo bilaterais para encontrar soluções coordenadas a temas em comum; qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica".

Zonas fronteiriças são, historicamente, um desafio para toda a região. O imbróglio com a Bolívia já havia escalado pelo fato de que a província de Salta foi pioneira em passar a cobrar o acesso à saúde para imigrantes que não tenham documentos argentinos. Era uma prática comum o chamado "turismo de saúde".

Mais recentemente, o governo de Milei seguiu essa ideia, ao anunciar em dezembro uma reforma migratória para que universidades nacionais públicas possam cobrar mensalidade de estudantes estrangeiros que não sejam residentes e para o fim da gratuidade do atendimento médico para estrangeiros não residentes.

O conflito também tem tons políticos. Milei e Luis Arce não têm boa relação, apesar do trato protocolar. No ano passado, o autodeclarado libertário chegou a dizer que o herdeiro de Evo Morales tentou forjar um golpe contra si mesmo para aumentar seu capital político.

Por fim, o caldo também entornou quando a gestão da Casa Rosada disse que a Bolívia atuava como base para atuação de agentes do Irã na região.

A autoridade máxima da pequena Aguas Blancas, o interventor Adrián Zigarán, que ocupa o cargo de forma temporária até novas eleições, disse que "não entende porque alguns setores comparam a cerca com o muro de Donald Trump" nos Estados Unidos.

"Isso é simplesmente uma cerca de arame de 200 metros, nem mais, nem menos. É simplesmente ordenar a passagem no terminal de migrantes, e o lado boliviano não tem nada a ver com isso", disse ao jornal El Tribuno.

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