Amazon está aumentando investimento em publicidade no X de Elon Musk, diz jornal
A informação vai na contramão da tendência de cortes de anúncios na plataforma
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Tech Negócios
PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) - A Amazon está aumentando os gastos com publicidade na rede social X (ex-Twitter) de Elon Musk, diz reportagem do jornal Wall Street Journal publicada nesta quinta-feira (30). A informação vai na contramão da tendência de cortes de anúncios na plataforma, inclusive da própria Amazon há cerca de um ano, por causa de preocupações com a disseminação de discurso de ódio na rede.
Segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela reportagem, a decisão teve envolvimento do CEO da big tech, Andy Jassy. Outra fonte disse à reportagem que a Apple, que também havia retirado investimento publicitário do X, está discutindo novos testes de anúncios.
O retorno seria um alívio para as finanças da plataforma, que sofreram um golpe duro com a saída de anunciantes.
Em 2023, houve uma debandada de anúncios de gigantes como Walt Disney, IBM, Paramount, Lionsgate e Apple. Além da falta de moderação da plataforma, declarações do próprio bilionário no mesmo ano incitaram a retirada. À época, Musk endossou uma publicação antissemita em sua conta no X.
A situação se agravou com um discurso do bilionário, que xingou as empresas que deixaram a plataforma. "Alguém vai tentar me chantagear com publicidade, me chantagear com dinheiro?", disse em 2023, emendando com um palavrão.
Em 2024, a plataforma processou a Garm (Global Alliance for Responsible Media), uma coalizão do mercado de publicidade e mídia, por promover o que chamou de "boicote ilegal" à plataforma. Linda Yaccarino, CEO do X, disse que a ação custou bilhões de dólares à plataforma.
"Nós tentamos a paz por dois anos, agora é guerra", disse Musk em publicação no X sobre o assunto. O processo foi instaurado depois que o Comitê de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA divulgou relatório alegando que a Garm e seus membros "conspiraram" para boicotar a rede social após a aquisição de Musk, limitando a escolha do consumidor, o que seria uma violação das leis antitruste.
As alegações foram negadas pelo cofundador da Garm, Rob Rakowitz, e outros representantes do setor argumentam que as marcas têm o direito de decidir onde gastar com publicidade.
Apesar disso, também em 2024, executivos do X pintaram um cenário de retomada da receita publicitária, afirmando que 65% dos anunciantes que tinham se retirado da plataforma no ano anterior estavam retornando. Os representantes admitiram que a rede continuava enfrentando desafios para reconstruir seu negócio de publicidade.
Compradores de anúncios disseram ao Wall Street Journal que algumas marcas que estão retornando ao X estão fazendo isso em níveis de gastos ainda bem abaixo dos investidos antes de Musk adquirir a empresa em 2022.
A reportagem do jornal americano ainda afirma que Musk reconheceu em email para funcionários que os desafios financeiros permaneciam. "Nosso crescimento de usuários está estagnado, a receita é pouco impressionante e estamos mal conseguindo empatar", diz o texto. Musk negou ter enviado tal email.
O possível retorno da Amazon ao X também pode sinalizar a aproximação de empresas e CEOs de Trump, presidente recém-empossado que tem Musk à frente um comitê de eficiência do governo. Jeff Bezos, da Amazon, Tim Cook, da Apple, Mark Zuckerberg, da Meta, e Sundar Pichai, do Google, estiveram em lugar de honra na cerimônia de posse de Trump.
Pesquisa do instituto Kantar, no entanto, ainda contraria o otimismo. Segundo o levantamento, 26% dos publicitários no mundo planejam diminuir os seus gastos com marketing no X neste ano. A preocupação dos publicitários é a associação das empresas a conteúdos extremos que estão sendo postados na rede social.