Sapucaí terá mais dias, mais tempo e até rodas de samba
Outra curiosidade é a concentração temática: 9 das 12 escolas vão levar à avenida temas relativos aos negros ou à história das religiões de matriz africana.
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© Getty Images
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Brasil Rio de Janeiro
Começam às 22 horas, no sambódromo da Marquês de Sapucaí, os desfiles das 12 principais escolas de samba do Rio. Neste ano o que não falta é novidade. A principal delas é a divisão dos desfiles em três dias, mas também há roda de samba para encerrar cada noite, mais tempo de desfile e mudanças relativas ao julgamento.
Outra curiosidade é a concentração temática: 9 das 12 escolas vão levar à avenida temas relativos aos negros ou à história das religiões de matriz africana. Por fim, ocorrem as despedidas do intérprete mais famoso - Neguinho da Beija-Flor cantará pela última vez por Nilópolis - e de uma das rainhas mais cultuadas e invejadas da Sapucaí - Paolla Oliveira ocupará pela última vez o posto na Grande Rio.
Até 1983, todas as principais escolas de samba do Rio desfilavam em um único dia - o desfile começava à noite e não raro se estendia por mais de 12 horas, até a tarde seguinte. Em 1984, quando o sambódromo foi inaugurado, o desfile passou a ser realizado em dois dias, mas ainda se manteve em um formato cansativo.
Por isso, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, que tem 27 anos e é filho do patrono da Beija-Flor, Anísio Abrahão David, aprovou a ampliação para três noites: domingo, segunda e terça-feira. Ao final haverá uma atração adicional: uma roda de samba na Praça da Apoteose. Foram contratadas quatro rodas famosas do Rio (Cacique de Ramos, Beco do Rato, Samba do Trabalhador e Terreiro de Criolo), e cada uma vai tocar em um dia de desfile (os três dias oficiais e o desfile das campeãs, no sábado). Cada exibição deve durar uma hora e meia, das 4h30 às 6h.
Outra mudança se refere à posição das cabines dos julgadores. Todas estarão nos setores 3, 6, 9 e 10. Isso evita dupla punição, mas aumenta o tempo de desfile, pois alguns setores da escola precisam parar e se exibir perante cada grupo de jurados (mestre-sala e porta-bandeira, por exemplo, dançam diante de cada grupo de avaliadores). Por isso, o tempo máximo de desfile aumentou de 70 para 80 minutos.
O prazo máximo do esquenta, como é chamado o período em que os intérpretes e as baterias entoam sambas antigos, também aumentou, de cinco para dez minutos. Assim, cada escola vai se exibir por uma hora e meia.
OSCAR
No intervalo entre um desfile e outro, a Liesa afirma que será anunciado nesta noite, pelo sistema de som da Sapucaí, o resultado do Oscar, a maior premiação do cinema. O filme brasileiro Ainda Estou Aqui concorre a três estatuetas, de melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz (Fernanda Torres).
1ª noite terá temática negra e volta de Padre Miguel
O desfile desta noite vai reunir uma escola novata, as duas melhores de 2024 e uma das mais populares. A Unidos de Padre Miguel volta à elite após 53 anos. Ela vai falar sobre o primeiro terreiro de candomblé do Brasil, criado no século 19 em Salvador e chamado Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho.
A segunda agremiação a entrar, provavelmente a partir das 23h30, será a Imperatriz Leopoldinense, atual vice-campeã, que vai contar uma história da mitologia dos orixás: a viagem de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô.
A terceira na Sapucaí será a Viradouro, atual campeã, que deve ingressar à 1h de segunda-feira. Ela vai falar sobre Malunguinho, figura religiosa das culturas africana e indígena popular em Pernambuco.
E a última escola a se apresentar será a Mangueira, que vai discorrer sobre a presença dos povos bantos no Rio de Janeiro. Essa é a etnia da maioria dos negros que foram trazidos da África para o Brasil como escravos - e a Estação Primeira contará a influência que eles tiveram na rotina da cidade.
A segunda noite terá Tijuca, Beija-Flor, Salgueiro e Vila Isabel; e a terceira: Mocidade Independente, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio e Portela.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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